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Atualização

Publicado: 18/06/2011 em Uncategorized

Bom dia, pessoal! Passando por aqui pra avisar que o blog voltará a ser atualizado hoje à tarde! Valeu!

A “crise de valores” que nos acomete teve suas sementes lançadas em terras brasilis desde a chegada dos primeiros colonizadores, quando, até então, essas plagas eram habitadas apenas por silvícolas. A mistura de raças e o caldeirão de tons, cores e sotaques, só viriam acrescentar, após 511 anos da chegada de Cabral, mais pimenta no nosso “acarajé cultural” e na nossa bagunça: começamos mal, enveredamos por um caminho tortuoso e continuamos encontrando dificuldades para solucionar problemas que nos afligem repetidamente, destacando-se a corrupção em todos os níveis e matizes.
É inegável que a forma de povoamento e as “figuras” que aqui vieram habitar (degredados, bandidos, assassinos, enfim, a escória dos nossos primeiros “conquistadores”), contribuíram para traçar o perfil do povo brasileiro. Não é a genética dos povos que aqui se misturaram que explica a nossa devassidão, a propensão para o desvio de conduta e para se levar vantagem em tudo; a exploração desenfreada de nossos recursos, as tentativas de se tirar daqui tudo quanto possível sem nenhum retorno ou investimento e as falcatruas do tempo da Coroa continuam fazendo parte dessa nação multicor. Ou seja, a questão é mesmo de caráter!
Eduardo Bueno, jornalista e historiador, em seu livro “A Coroa, a Cruz e a Espada – Lei, Ordem e Corrupção no Brasil Colônia” retratou de forma fidedigna os primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil. É um relato histórico surpreendente, pois nos dá a impressão que, em se tratando de valores morais, pouca coisa mudou em mais de 500 anos de “descobrimento”. O livro aborda a história a partir de 1549, na Bahia, no governo de Tomé de Souza.
Através de documentos oficiais da época, Bueno nos mostra que Tomé de Souza veio acompanhado de dezenas de funcionários públicos em número bastante superior às exigências do serviço; com o governador “vieram algumas das mais marcantes características da burocracia estatal ibérica: o clientelismo, a leniência e o nepotismo, mazelas que, agravadas pela desigualdade, pelo absoluto desrespeito às leis e pela corrupção generalizada, continuam minando o desenvolvimento do Brasil.”
Os meios de informação cada vez mais diversificados e dinâmicos nos mostram as nossas feridas de maneira mais rápida e “democrática”, o que acaba nos dando a estranha sensação de que os dias atuais nos colocaram questões urgentes, nos causando espanto e crises de valores e de consciência. Na verdade, essa inclinação para o lado errado nos acompanha desde sempre. Vivemos tentados a corromper e a ser corrompidos, a levar vantagem nas pequenas coisas e nos deliciamos quando somos reconhecidos por estrangeiros como um “povo feliz, ordeiro e criativo”, mesmo sabendo que o tão festejado jeitinho brasileiro não passa de malandragem institucionalizada.

Antonio Palocci, atual ministro-chefe da Casa Civil, mais uma vez volta a se envolver em escândalo. Na verdade, sua vida política está sob suspeita desde os tempos em que era prefeito de Ribeirão Preto, onde exerceu dois mandatos: de 1993 a 1996 e de 2001 a 2002. Em 1998 foi eleito deputado federal, cargo que ocupou até 2000. Dois anos depois, ele se licenciou do cargo de prefeito para se dedicar à campanha de Lula e coordenar a equipe de transição do governo. Em 2003, assumiu o Ministério da Fazenda. Vale lembrar que Palocci assumiu a coordenação de campanha de Lula substituindo Celso Daniel, prefeito de Santo André, que havia sido assassinado alguns meses antes das eleições.
As acusações dão conta de que Palocci recebia de uma empresa, favorecida em licitações da Prefeitura de Ribeirão Preto, R$ 50 mil por mês, dinheiro este usado em caixa dois do Partido dos Trabalhadores. Rogério Buratti, ex-secretário de Palocci na gestão daquela cidade no primeiro mandato, foi o delator. Em um primeiro momento, como ocorre agora, houve blindagem ao então “super-ministro”. Pesa ainda contra Palocci a acusação de fraude em licitação para compra de cestas básicas no mesmo período.
Em 2006, o caseiro Francenildo Santos Costa, testemunha de acusação contra Palocci no caso da “casa do lobby”, teve sua vida bancária devassada a mando do ministro. Localizada em Brasília, a mansão era alugada por “nobres senhores” que compunham a “República de Ribeirão Preto” e servia para reuniões entre lobistas interessados nas contas e contratos do então governo Lula.
Além de acontecer nas dependências daquela casa a “divisão do bolo”, havia festas regadas a caríssimas bebidas e animadas por garotas de programa, também caríssimas. Francenildo viu e contou! Por isso, teve seu extrato bancário publicado na revista Época (convenientemente vazado pelo então assessor de Comunicação de Palocci, Marcelo Netto). A turma da “República de Ribeirão” tentava plantar a ideia de que o caseiro estava sendo pago pela oposição para mentir e denegrir a “ilibada” imagem de Palocci. A verdade veio à tona…
Enquanto as denúncias daquela época contra o agora ministro-chefe da Casa Civil iam esfriando, seu patrimônio ia se tornando cada vez mais quente e gordo, muito gordo! Nos últimos quatros anos, fora multiplicado por 20 vezes (de R$ 375 mil para R$ 7,5 milhões), segundo denúncias feitas este mês pelo jornal Folha de São Paulo. Como se viu há cinco anos, mais uma vez tenta-se blindar um dos ministros fortes, agora da presidente Dilma.
Como a presidente até o momento não se manifestou sobre a situação de seu subordinado, o ex-presidente Lula, padrinho de Dilma e amigo do peito de Palocci, disse ontem à imprensa que o ministro dará as explicações necessárias sobre o crescimento de seu patrimônio. Lula justificou o enriquecimento de Palocci dizendo que, quando ministro da Fazenda, ele era considerado o “Pelé” da economia.
Em discurso em novembro do ano passado, a já eleita presidente Dilma Roussef brincou ao chamar de “os três porquinhos” alguns de seus principais aliados, dentre os quais dois se tornariam ministros em seu governo: José Eduardo Cardozo, da Justiça e… Antonio Palocci! Sim, isso mesmo! Talvez a presidente já estivesse vislumbrando que não demoraria muito para que um de seus ministros começasse a chafurdar na lama…
Por que esse patrimônio tão grande em tão pouco tempo, Palocci? E como questionou Francenildo, semana passada, por que ele teve que dar explicações sobre o dinheiro em sua conta e o ministro se esquiva do mesmo? Até quando vai durar esse silêncio? Até quando vai durar o ministro? Será que ele construiu uma cabana de palha, uma de madeira ou uma casa com tijolos e cimento? Até quando essa blindagem?!

1. Publicar aquela “puta história” antes de qualquer outro jornalista.

2. Pegar o jornal do dia e ver o seu nome estampado na capa.

3. Mostrar o seu nome estampado na capa para o vizinho invejoso.

4. Entrevistar aquele cara que odeia falar com a imprensa depois de três meses de insistência.

5. Acabar a matéria a 1 minuto e 37 segundos do fechamento.

6. Saber que a(o) nova(o) estagiária(o) gostosa(o) vai trabalhar ao seu lado.

7. Desligar o computador após um longo dia de ralação.

8. Pagar todas as contas do mês sem atraso.

9. Ter qualquer credencial pendurada no pescoço.

10. Ter a pergunta elogiada pelo entrevistado numa coletiva de imprensa.

11. Receber o pagamento de um frila no dia combinado.

12. Comer pra caramba numa boca-livre chique e ainda deixar o local com uma quentinha.

13. Descobrir que vai folgar justamente no fim de semana da tão esperada viagem com os amigos.

14. Ser rendido por um colega após 12 horas de plantão na porta de um hospital.

15. Ter a confirmação de que seu nome não está na lista do passaralho da vez.

16. Escutar de um leigo: “Deve ser o máximo ser jornalista, hein?”.

17. Saber que o doutor Gilmar Mendes foi assaltado.

18. Chegar em casa às 5 da manhã depois de um pescoção e encontrar sua mulher sozinha na cama.

19. Chegar em casa às 5 da manhã depois de um pescoção e conseguir fazer sexo.

20. Ouvir do editor: “Parabéns, você está contratado. Pode começar agora?”.

*Texto de Duda Rangel, publicado no blog Desilusões Perdidas, em 13/04/11 (http://desilusoesperdidas.blogspot.com)