Nos próximos feriados, pontos facultativos ou qualquer outro tempo ocioso que o boa-vistense tiver, sugiro não sair da cidade, principalmente os amantes de turismo de aventura, trilha e esportes radicais. Esqueçam a Serra do Tepequém, as cachoeiras de Santa Elena, Monte Roraima e demais pontos turísticos que requeiram fôlego redobrado dos incautos, pois Boa Vista já pode ser incluída no roteiro de desafios radicais ao exigir de seus moradores fôlego, paciência, resistência e dinheiro para reparo de veículos (haja grana!) para enfrentar os buracos cada vez maiores em quase todas as ruas da cidade.
Não é preciso andar (ou tentar) muito, pois a cada esquina, a cada rua, encontramos vários buracos, que se multiplicam de maneira muito mais rápida do que qualquer operação “tapa-buracos” realizada pela Prefeitura. Por falar nisso, alguém aí sabe dizer por que só se realizam essas obras paliativas em horário de intenso movimento no trânsito? Tudo bem que Boa Vista não é nenhuma metrópole, com engarrafamentos gigantescos e tantas outras mazelas, mas isso atrapalha a vida de qualquer cidadão. Por que não fazer obras de madrugada, usando refletores, por exemplo? Será economia de recursos, evitando o pagamento de adicional noturno? Alguém explica?!
Toda vez que lemos alguma reportagem sobre a buraqueira na cidade, as respostas dos órgãos “competentes” são sempre as mesmas: “estamos esperando passar o período de chuvas”, “o cidadão ajudaria se telefonasse para o 156 e denunciasse onde há buracos”, “investimos tantos milhões e refizemos milhares de quilômetros de ruas”, etc., etc. Tudo bem que solicitar ao cidadão que informe onde há buracos é válido, mas do jeito que a situação está não vai demorar muito para que seja criada mais uma profissão exclusiva: o fiscal de buracos!
Se já é difícil desviar das crateras em plena luz do dia, é muito pior sob chuva intensa ou à noite. Nessas circunstâncias, o morador de Boa Vista corre o risco de cair em uma das diversas armadilhas espalhadas pela cidade. Sem contar que, sendo a Natureza muito mais rápida do que qualquer esforço humano, os buracos aumentam numa proporção inversa ao desempenho das operações remediadoras (sim, remediadoras, pois todos percebem a “qualidade” da obra em pouco tempo).
Como se não bastassem os prejuízos e transtornos causados pelo asfalto deteriorado, sofre-se com o esgoto que corre a céu aberto que, além do mau-cheiro insuportável, traz inúmeras doenças. Justiça seja feita: há muitas pessoas que são acostumadas a espalhar lixo pelas ruas, não observando o dia de coleta dos caminhões de limpeza. Lixo, buraco e esgoto quando “aliados” à chuva são inimigos implacáveis para qualidade de vida.
Investimento em infraestrutura, coleta de lixo e ruas com asfalto de qualidade são o mínimo que o cidadão pode esperar como retribuição aos pesados impostos pagos. Soluções temporárias, remendos, asfalto “Sonrisal” e desculpas esfarrapadas não podem ser mais aceitos por quem é diretamente afetado por essa situação calamitosa. Esperamos que a atenção redobrada das autoridades não aconteça apenas em época de eleições, quando o contato olho no olho é mais freqüente e as promessas são abundantes, mas que também sejamos lembrados nos intervalos das campanhas político-eleitorais.
P.S.: Publiquei o texto acima no ano passado, mas o assunto vai continuar atual por muito tempo! A culpa, por enquanto, será atribuída a São Pedro por causa das intensas chuvas que têm afetado a cidade nos últimos dias. Mas, com certeza, passado esse período chuvoso, outras desculpas serão arranjadas e os problemas continuarão os mesmos!